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A tal pergunta que não quer calar
Eu acho graça quando me perguntam o que ganho escrevendo. A verdade é que ganho muito.
Escrevo porque as palavras já não cabem em mim e muito menos em 140 caracteres do Twitter.
Escrevo porque quero ser capaz de ter um olhar crítico sobre o que vejo e o que leio.
Escrevo porque nem sempre tenho alguém para falar sobre o existencialismo de Sartre ou para me ajudar a entender os pensamentos “líquidos” de Bauman.
Escrevo porque Gabriel García Márquez disse que dava para ser realista e fantástico.
Escrevo porque um dia me disseram que eu era capaz, e acreditei.
Escrevo porque já não me bastava conhecer dois ou três fãs de Cartola.
Escrevo porque, apesar de bizarra, eu adoro as obras de Félix Labisse.
Escrevo porque Bukowski é despudorado, mas me encanta.
Escrevo porque Chico Buarque não cantou meu nome e, ainda assim, falou de mim.
Escrevo porque Nietzsche disse que, sem música, a vida seria um erro. Como não sei fazer música, faço textos. É arte também, não é?
Escrevo porque, embora eu não seja flor nem bela, assim como Florbela Espanca, eu vivo e morro de amor por amor e de intensidade.
Escrevo porque Drummond me mostrou que é possível homenagear nossos ídolos com poesia.
Escrevo porque um dia li Nelson Rodrigues e, mesmo falando o que todos sabiam, mas não tinham coragem de dizer, mesmo censurado, ele continuou.
Escrevo porque, há muito tempo, eu aprendi com José Mauro de Vasconcelos que, embora fizéssemos sucesso, muitas vezes os tidos como “grandes” não nos dariam o devido valor. Mesmo assim, já não dava para parar.
Escrevo porque Jorge Amado achou que seria interessante colocar suas crenças religiosas em livros.
Escrevo porque gosto das letras, gosto de romancear a vida e as frases.
A tal pergunta que não quer calar
Escrevo por hobby, por vaidade, porque quero ser lida. E é essa mesma vaidade que me faz feliz ao receber um e-mail do editor dizendo que, dentre centenas de textos, o meu foi escolhido para ser destaque da capa.
Escrevo porque gosto de elogios e palavras de incentivo, muitas vezes de quem não conhece nenhum lado meu.
Escrevo porque é preciso ter flexibilidade quando as críticas não são boas e geram uma batalha de egos, onde, independentemente de quem vença, ambos saem ganhando, mais enriquecidos intelectualmente.
Escrevo porque as madrugadas são mais curtas quando estou imersa nas palavras, transformando ideias em textos.
A tal pergunta que não quer calar
Escrevo porque os livros de Jane Austen me mostraram que histórias de amor podem ser complexas e envolventes, mesmo sem finais felizes.
Escrevo porque Fernando Pessoa e seus heterônimos me ensinaram que podemos ser múltiplos em um só, explorando diferentes facetas de nós mesmos.
Escrevo porque a poesia de Pablo Neruda me fez perceber que as emoções humanas são vastas e profundas, merecendo ser exploradas em cada verso.
Escrevo porque, através das palavras, posso viajar para lugares onde nunca estive e conhecer pessoas que nunca existiram.
Escrevo porque as crônicas de Clarice Lispector me inspiram a ver o extraordinário no cotidiano.
Escrevo porque a escrita é uma forma de eternizar pensamentos, transformando o efêmero em algo duradouro.
Escrevo porque, ao compartilhar minhas histórias, crio conexões invisíveis com pessoas que nunca conheci, mas que entendem minhas palavras.
Por que eu escrevo? Porque sim!
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