Desabafo sobre a solidão

Carmen Miranda: O mundo conhece o que que é que a baiana tem!

Carmen Miranda: O mundo conhece o que que é que a baiana tem!


Carmen Miranda é um ícone incomparável da cultura brasileira. A Pequena Notável foi a criadora de um estilo único, que mistura música, dança, estilo e alegria, até hoje imitado.

Ela foi não só a mais carismática e adorada intérprete da música popular brasileira, especialmente em uma época em que o samba era quase marginalizado, como também uma das vedetes mais solicitadas e bem pagas de Hollywood.

Um dos maiores mitos da música popular no Brasil, Carmen foi a artista brasileira que mais alcançou sucesso e prestígio na indústria do entretenimento dos Estados Unidos, para onde imigrou.

Portuguesa de nascimento e brasileira de coração, Maria do Carmo Miranda da Cunha, conhecida como Carmen Miranda, teve seu nome inspirado na ópera homônima de Bizet, da qual era fã.

Assim como a cigana protagonista da ópera, Carmen Miranda seduziu com sua irreverência e sensualidade, viveu muitos romances e também enfrentou tragédias pessoais.

Conhecida pelo gracioso apelido "Pequena Notável," dado pelo locutor César Ladeira por causa de sua altura de apenas 1,52 m, Carmen foi trazida para o Brasil com quase um ano de idade, tendo nascido em Portugal no dia 9 de fevereiro de 1909.

A Pequena Notável


Criada na Lapa, no Rio de Janeiro, Carmen morava com a família em uma pensão e, aos quinze anos, já trabalhava como chapeleira. Naquela época, ela dizia que queria fazer cinema, e chegou a fazer participações em alguns filmes. 

Carmen iniciou sua carreira de cantora em 1928, durante uma festa beneficente no Instituto Nacional de Música. Lá, cantou um tango, seu estilo musical preferido, e conheceu Josué de Barros, seu descobridor e mentor.

Carmen começou a brilhar nos palcos e nas rádios. Seu primeiro disco foi lançado quando tinha apenas vinte anos. 

Em 1929, gravou mais dois discos, sendo que o último continha a canção que a lançou para a fama: "Pra Você Gostar de Mim," de Joubert de Carvalho, que ficou conhecida como "Taí." 

A partir de então, Carmen passou a interpretar sambas inéditos de vários compositores, entre eles Ary Barroso, Cartola e Dorival Caymmi, este último revelado pela própria cantora. Caymmi compôs “O Que é Que a Baiana Tem?” para o filme “Banana na Terra,” que consolidou a imagem de Carmen como a "baiana."

Na década de 30, Carmen já estava à frente de seu tempo, apresentando-se com roupas ousadas para a época, exibindo pernas e barriga, travestida em uma fantasia exótica e tropical, com frutas na cabeça e muitos balangandãs. 

Em 1939, durante uma de suas apresentações no Casino da Urca, um empresário norte-americano a contratou para o espetáculo “Ruas de Paris,” com o qual fez sua estreia na Broadway.

Cantando em português para um público que não entendia nem uma palavra do que dizia, Carmen ainda assim conquistou um sucesso estrondoso. Em Hollywood, trabalhou em 14 filmes, a maioria deles em tecnicolor. 

Em 1940, retornou ao Brasil pelo navio "Argentina" e foi recebida com uma acolhida triunfal pelo povo no cais e nas ruas do Rio de Janeiro. No entanto, dias depois, teve uma recepção fria durante um espetáculo de caridade no Cassino da Urca, sendo acusada de ter se "americanizado."

Como resposta às acusações de ter perdido sua brasilidade e se "americanizado," Carmen gravou o samba "Disseram que Voltei Americanizada," de Luiz Peixoto e Vicente Paiva, especialmente composto para ela. 

Foi uma das últimas canções que gravou no Brasil, além de outras três com a mesma temática: "Voltei pro Morro," "Disso É Que Eu Gosto," e "Diz Que Tem" (esta última regravada nos Estados Unidos), todas compostas por Vicente Paiva.

Depois de vários romances inconsequentes, Carmen Miranda casou-se em 1947 com o americano David Sebastian, que passou de empregado a seu empresário. Alcoólatra, Sebastian não soube administrar os contratos de Carmen. 

O casamento entrou em crise e ela caiu em depressão, tornando-se dependente de estimulantes e calmantes. Em 1948, Carmen engravidou, mas sofreu um aborto espontâneo. 

As exigências físicas de sua carreira, aliadas ao uso de medicamentos, álcool e cigarro, destruíram sua saúde aos poucos. Ela tentou um tratamento de desintoxicação no Brasil, mas sem sucesso.

Certa vez, Carmen declarou:

 “Tenho pavor da morte em hospital, com doença incurável. Peço a Deus que, quando chegar a hora, me fulmine com um ataque cardíaco, para que eu não enfrente essa senhora, largada em uma cama cheia de dores.”

E foi exatamente o que aconteceu. Na madrugada do dia 5 de agosto de 1955, horas após gravar um programa de televisão com o cantor e comediante norte-americano Jimmy Durante, e um encontro com amigos em sua residência, a Pequena Notável sucumbiu a um ataque cardíaco em sua casa, em Beverly Hills.

Carmen Miranda tinha apenas 46 anos. Até hoje, é a única latino-americana a ter gravado seus pés e mãos no cimento da calçada da fama de Los Angeles. 

No Brasil, há um museu em sua homenagem no Aterro do Flamengo e também um busto no Largo da Carioca. Entre todas as "mulheres de bronze," Carmen foi a mais conhecida e ainda é cultuada até hoje.

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