Desabafo sobre a solidão

Frida Kahlo: Fez da dor matéria-prima

Frida Kahlo: Fez da dor matéria-prima



Frida Kahlo nasceu em 6 de julho de 1907 na casa de seus pais, conhecida como La Casa Azul em Coyoacán, na época uma pequena cidade nos arredores da Cidade do México e hoje um distrito.

Aos seis anos começa a triste trajetória de Frida quando contrai poliomielite, a primeira de uma série de doenças, acidentes, lesões e operações que sofreu ao longo da vida.

A poliomielite deixou uma lesão no seu pé direito, fato que originou o apelido de Frida pata de palo (Frida perna de pau). Passou a usar calças, depois longas e exóticas saias, que se tornaram uma de suas marcas pessoais.

Posteriormente aos 18 anos, Frida passou por um dos momentos mais difíceis de sua vida, sofreu um grave acidente: o bonde em que seguia colide com um trem, deixando-a meses entre a vida e a morte devido ao para-choque que atravessou sua pélvis.

Permaneceu muitos meses no hospital, precisou de várias operações cirúrgicas para reconstruir o corpo perfurado. Foi nesse momento trágico que ela encontrou uma saída na pintura.

Uma Vida de Superando Adversidades, Expressão Artística e Amor Intenso


Ainda imobilizada na cama, começou a pintar com a caixa de tintas de seu pai, e um cavalete adaptado à cama. Pintou algumas de suas mais famosas obras, como “A coluna partida”.

Esta é uma das obras mais emocionantes da artista. Um autorretrato onde sua expressão facial é de melancolia, e dos olhos caem lágrimas. Os espinhos espalhados pelo corpo simbolizando a agonia de São Sebastião.

No entanto, pode-se dizer que estes acontecimentos não foram tão intensos na vida da artista como seu relacionamento com o pintor mexicano Diego Rivera.

A própria Frida Kahlo fala sobre a relação em seu diário, “Diego, houve dois grandes acidentes na minha vida: o bonde e você. Você sem dúvida foi o pior deles”.

Conheceu Diego Rivera em 1928, quando entrou para o Partido Comunista Mexicano. Casar-se-ia com ele um ano mais tarde. A vida do casal foi marcada pela intensidade, tanto na paixão como nas calorosas brigas.

Rivera e Kahlo dividiam a militância no partido comunista, o amor pelas artes e uma aptidão a relacionamentos extraconjugais.

Frida era bissexual, mas Rivera dizia não se importar com seus casos com outras mulheres; apenas os casos que ela tinha com homens.



Dentre as traições de Rivera com certeza a pior de todas foi quando Frida se deparou com seu marido e sua irmã mais nova na cama, e descobriu que eles tinham um caso há muitos anos, além de seis filhos. Enfurecida, separou-se de Diego e nunca mais perdoou a irmã.

Cortou seus cabelos longos na frente do espelho e teve alguns relacionamentos com outros homens e mulheres, um dos mais famosos, foi com o revolucionário russo Leon Trótski, mas volta para o ex-marido tempos depois.

O segundo casamento foi mais tumultuado que o primeiro, vão morar em casas separadas, lado a lado, ligadas por uma ponte. Ambos continuaram seus casos extraconjugais, e Frida passou a viver uma vida triste, principalmente pela impossibilidade de dar um filho ao marido.

Ela engravidou muitas vezes, mas abortava devido ao acidente, que deixou sequelas para o resto de sua vida.

Em 13 de julho de 1964 foi encontrada morta. Seu atestado de óbito declarou embolia pulmonar, devido a uma forte pneumonia. Supõe-se suicídio por causa da última frase que escreveu em seu diário:

“Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar”. Existe a hipótese de envenenamento, atribuído a umas das amantes de Rivera.
Frida teve que amputar uns dos pés um ano antes de sua morte devido à gangrena, “Pés para que os quero, se tenho asas para voar?” escreveu Kahlo em seu diário, em mais uma demonstração de como era capaz de modificar sua própria assimilação do sofrimento. 

Ficando claro em seus quadros essa habilidade de converter dor em belas imagens.



Usando autorretratos define-se:

“Pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade”.
Frida Kahlo teve na dor seu material; sua vida foi um vendaval de sentimentos que a artista converteu em um só: paixão. Impossível se deparar com suas obras e não sentir um pouco da sua dor, pensamento e até mesmo um pouco de esperança. 

Frida teve uma vida que faria muitas mulheres se vestirem de luto, mas ela preferiu vestir-se de flores.

Quem quiser conhecer um pouco mais sobre esta grande mulher e artista sua vida foi retratada em dois filmes: em 1986 em Frida, Natureza Viva, de Paul Leduc, e em 2002 em Frida, de Julie Taymor, onde foi interpretada por Salma Hayek.

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