- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Um bem definitivo: Sophia de Mello Breyner Andresen
Seus poemas são bem-intencionados; nota-se em sua poesia que o bom e o belo se difundem. A ética sempre esteve presente em sua obra, relacionada à sua atitude diante do mundo.
Apreciadora da natureza, um lugar onde encontra inspiração para construir um universo mais harmonioso, ela não conseguia outra maneira de viver senão com o mar, a luz, os rios, as flores e os jardins — coisas tão importantes para ela. Assim, marca a história e a cultura contemporânea portuguesa.
Uma metamorfose da realidade que habita o real e o divino
Em seus poemas, existe uma metamorfose da realidade que habita o real e o divino. Suas palavras usam sensações da natureza para transformar o universo real em um universo mais harmonioso, com uma linguagem poética quase translúcida e íntima.
A poetisa procura, acima de tudo, a clareza, o universo aprazível. Nota-se em suas obras uma enorme ligação entre os homens, a natureza e as coisas.
Em seus poemas, as palavras são dotadas de uma função mágica (mar, brilho, luar, deuses, sonho), conotadas de diversos significados, formando uma união com aquilo que há de mais evidente e genuíno.
Há uma exaltação lírica: dor, loucura, desilusão pela ausência do ser amado. As palavras em Sophia possuem encanto, sedução e afetividade.
Revelam desejos e, sobretudo, a procura da verdade e da plenitude, utilizando-se dos quatro elementos primordiais — terra, água, ar e fogo. Nesta aposta, Sophia busca a beleza poética e o contentamento de celebrar a vida e tudo o que existe como revelação do pleno.
Buscava refúgio na poesia e na natureza, no amor e na imaginação. Conseguia associar o que havia de mais puro e primitivo, numa ânsia de unir o presente ao sonho.
Segundo Sophia, as cidades são espaços de muitos conflitos e desencontros, cheias de mentiras e máscaras sem nenhuma verdade plausível. Por isso, recorria a lugares afastados, com jardins e, de preferência, junto ao mar.
Encontra-se também em sua obra uma ideologia humanista, uma literatura de interesse social e político, com denúncias das injustiças e da opressão.
Há manifestações frequentes contra o que denomina como “tempo dividido”: de solidão e incerteza, de medo e traição, de injustiça e mentira, de corrupção e escravidão. Assim, materializa um ideal de nação e mundo.
Sophia era militante antissalazarista e chegou a ser deputada pelo Partido Socialista Português depois da Revolução dos Cravos.
Apesar de jamais ter deixado de lado um olhar analítico e atento, nos últimos anos de vida resolveu afastar-se da política, admitindo “certa desilusão”, e em 1979 desligou-se totalmente do PS. Seu corpo está no Panteão Nacional desde 2014.
“Por que os outros calam, mas tu não.”
Comentários
Postar um comentário